sexta-feira, 18 de abril de 2014

INFORMATIVO SOBRE AS DIFERENÇAS ENTRE SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

Surdocegueira é uma deficiência única, que apresenta a perda da audição e visão de tal forma que a combinação das duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos de distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, recreativas, sociais, para acessar informações e compreender o mundo que o cerca.
Classifica-se em pré-linguísticos (perdas anteriores à aquisição da linguagem) e pós-linguísticos (perdas após a aquisição da linguagem).
Para McInnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. E subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias: indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos; indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos; indivíduos que se tornaram surdocegos; indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
McInnes (1999) refere sobre a aprendizagem de pessoas com surdocegueira: indivíduos com surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato, devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam.
Assim, as necessidades básicas das pessoas com surdocegueira encontram-se em buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular (MEC/SEESP, 2010).        
Deficiência Múltipla é considerada pessoa com deficiência múltipla aquela que "tem mais de uma deficiência associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social" (MEC/SEESP, 2010).
A comunicação entre os seres humanos é um processo interpessoal por meio do qual se estabelecem vínculos com os outros; esta relação é estabelecida de diferentes maneiras e, segundo as possibilidades comunicativas de cada um, pode acontecer com movimentos do corpo, utilizando objetos do ambiente ou desenvolvendo um código lingüístico (Ximena Serpa).
A partir deste conceito, podemos exemplificar como semelhanças nas estratégias do processo de ensino das pessoas com surdocegueira ou DMU as técnicas apresentadas pelo (MEC/SEESP, Fascículo V - 2010): "mão-sobre-mão" [Mão sobre mão: a mão do professor é colocada em cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o professor tem o controle da situação] ou A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar Surdocegueira e Deficiência Múltipla a "mão sob mão" [Mão sob mão: a mão do professor é colocada em baixo da mão do aluno de modo a orientar o seu movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com segurança] são importantes estratégias de intervenção para o estabelecimento da comunicação com a criança com surdocegueira.
Segundo informações, (MEC/SEESP, Fascículo V - 2010): tanto as pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
Ressaltamos que, o papel do professor, intérprete ou guia-intérprete junto à criança surdocega será o de suprir sua carência de funcionamento sensorial com estímulos organizados e significativos, promovendo a construção de sua consciência e imagem corporal, seu desenvolvimento motor e afetivo, e também sua autonomia (Erikson, 2002).
Segundo Freeman (1991), o sucesso no processo da educação das crianças surdocegas depende em grande parte dos pais, por serem eles, ao longo da vida, as pessoas que maior influência terão na educação de seus filhos. Quando eles participam do processo educacional, apoiando e compartilhando conhecimentos com os profissionais, a criança surdocega aprende a amenizar os obstáculos que enfrenta. Sem a participação da família é impossível realizar o trabalho com base na transdisciplinaridade, necessário ao adequado desenvolvimento do programa educacional.
Deste modo, concluímos que o processo de ensino aprendizagem das pessoas com surdocegueira ou DMU é possível. Dependem da nossa formação inicial e continuada, dedicação e carinho para com todos os envolvidos.


Referências:
MEC. Secretaria de Educação Especial. Educação infantil; saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização: surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. Brasília: 2006.
MEC. Secretaria de Educação Especial. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar Surdocegueira e Deficiência Múltipla. Brasília: 2010.
Serpa, Ximena. Comunicação para Pessoas Surdocegas. 2005.

Um comentário:

  1. Olá Maria José, muito legal seu texto, parabéns pelo árduo trabalho, sei o quanto estudamos para chegar a essa conclusão.

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