Surdocegueira
é uma deficiência única, que apresenta a perda da audição e visão de tal forma
que a combinação das duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos de
distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema
dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, recreativas,
sociais, para acessar informações e compreender o mundo que o cerca.
Classifica-se
em pré-linguísticos (perdas anteriores à aquisição da linguagem) e
pós-linguísticos (perdas após a aquisição da linguagem).
Para McInnes
(1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que
requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um
sistema para dar este suporte. E subdivide as pessoas com surdocegueira em
quatro categorias: indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos; indivíduos
que eram surdos e se tornaram cegos; indivíduos que se tornaram surdocegos; indivíduos
que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a
oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas
nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
McInnes
(1999) refere sobre a aprendizagem de pessoas com surdocegueira: indivíduos com
surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o
comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato,
devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam.
Assim, as necessidades
básicas das pessoas com surdocegueira encontram-se em buscar a sua
verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus
movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações
viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular
(MEC/SEESP, 2010).
Deficiência Múltipla é considerada pessoa com
deficiência múltipla aquela que "tem mais de uma deficiência associada. É
uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando
associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o
funcionamento individual e o relacionamento social" (MEC/SEESP, 2010).
A comunicação entre os seres humanos é um processo interpessoal
por meio do qual se estabelecem vínculos com os outros; esta relação é
estabelecida de diferentes maneiras e, segundo as possibilidades comunicativas
de cada um, pode acontecer com movimentos do corpo,
utilizando objetos do ambiente ou desenvolvendo um código lingüístico (Ximena
Serpa).
A partir deste conceito, podemos exemplificar
como semelhanças nas
estratégias do processo de ensino das pessoas com surdocegueira ou DMU as técnicas apresentadas pelo (MEC/SEESP,
Fascículo V - 2010): "mão-sobre-mão"
[Mão sobre mão: a mão do professor é
colocada em cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o
professor tem o controle da situação] ou A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar Surdocegueira e Deficiência Múltipla a "mão sob mão" [Mão sob mão: a mão
do professor é colocada em baixo da mão do aluno de modo a orientar o seu
movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com
segurança] são importantes estratégias de intervenção para o estabelecimento
da comunicação com a criança com surdocegueira.
Segundo
informações, (MEC/SEESP,
Fascículo V - 2010): tanto as pessoas com surdocegueira e com
deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam
aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as
eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o
desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
Ressaltamos
que, o papel do professor, intérprete ou guia-intérprete junto à criança
surdocega será o de suprir sua carência de funcionamento sensorial com
estímulos organizados e significativos, promovendo a construção de sua
consciência e imagem corporal, seu desenvolvimento motor e afetivo, e também
sua autonomia (Erikson, 2002).
Segundo
Freeman (1991), o sucesso no processo da educação das crianças surdocegas
depende em grande parte dos pais, por serem eles, ao longo da vida, as pessoas que
maior influência terão na educação de seus filhos. Quando eles participam do
processo educacional, apoiando e compartilhando conhecimentos com os
profissionais, a criança surdocega aprende a amenizar os obstáculos que
enfrenta. Sem a participação da família é impossível realizar o trabalho com
base na transdisciplinaridade, necessário ao adequado desenvolvimento do
programa educacional.
Deste modo,
concluímos que o processo de ensino aprendizagem das pessoas com surdocegueira ou DMU é
possível. Dependem da nossa formação inicial e continuada, dedicação e carinho
para com todos os envolvidos.
Referências:
MEC.
Secretaria de Educação Especial. Educação
infantil; saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e
sinalização: surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. Brasília: 2006.
MEC. Secretaria de Educação Especial. A Educação Especial na Perspectiva da
Inclusão Escolar Surdocegueira e Deficiência Múltipla. Brasília: 2010.
Serpa,
Ximena. Comunicação para Pessoas
Surdocegas. 2005.